Antes de mais nada, é importante que você saiba que a partícula “se” pode pertencer a duas classes de palavras distintas: pronome ou conjunção. Além disso, também pode desempenhar a função de um substantivo, por derivação imprópria ou, ainda, ser sujeito de verbo no infinitivo.
Por causa dessa flexibilidade, a partícula “se” é temida por aqueles que estudam para concursos. Toda vez que esse vocábulo aparece na prova, causa ansiedade, medo, levando-nos ao erro. E esse resumo básico foi desenvolvido justamente a fim de amenizar o seu sofrimento (e o meu também, né! rs). Preparados? Então, vamos lá!
Partícula “SE” Conjunção
Conjunção Subordinativa Adverbial Condicional
Inicia uma oração subordinada adverbial condicional. Equivale a “caso”.
Há valor semântico de condição, hipótese.
Em outras palavras, o “se” condicional introduzirá uma oração que indica a hipótese ou a condição para a ocorrência da oração principal (não é o fato ocorrido propriamente dito).
Exemplo:
Se soubéssemos que o concurso não acabaria, teríamos estudado mais.
Caso soubéssemos que o concurso não acabaria, teríamos estudado mais.
Conjunção Subordinativa Adverbial Causal
Inicia uma oração subordinada adverbial causal. Equivale a “já que”, “visto que”, “uma vez que”.
Há valor semântico de causa, motivo, razão.
Em outras palavras: o “se” causal introduzirá uma oração que é causa da ocorrência da oração principal.
Exemplo:
Se deseja passar no concurso, então deverá estudar todos os dias.
Já que deseja passar no concurso, então deverá estudar todos os dias.
Conjunção Subordinativa Adverbial Concessiva
Inicia uma oração subordinada adverbial concessiva. Equivale a “embora”.
Lembre-se de que concessão é uma exceção à consequência natural do que deveria ocorrer. Em outras palavras, menciona um fato contrário à oração principal, porém, sem anular a ideia desta oração.
Exemplo:
Se ela gostou do presente, não demonstrou.
Embora tenha gostado do presente, não demonstrou.
Conjunção Subordinativa Integrante
Conecta duas orações, iniciando uma oração subordinada substantiva. Essa conjunção é denominada integrante, pois ela vem apenas conectar, ou seja, ligar essas duas orações. Além disso, importante ressaltar que as conjunções integrantes não possuem valor semântico.
Exemplo:
Só Deus sabe se ele passará no concurso do TCM.
Aprendi com alguns professores:
Como perceber se o “se” é uma conjunção integrante? Insira o termo “isto” antes do “se” e faça o teste.
Só Deus sabe [isto] se ele passará no concurso do TCM.
Partícula “SE” Pronome
Partícula Integrante do Verbo - PIV
O pronome integra o verbo, acompanhando-o em todas as suas flexões. São os chamados verbos pronominais, os quais são conjugados com seus respectivos pronomes. O “se”, nesse caso, é um “pedaço” do verbo e, por essa razão, não exerce função sintática.
Alguns verbos pronominais:
Arrepender-se;
Queixar-se;
Zangar-se;
Lembrar-se;
Orgulhar-se.
Exemplos:
Arrependeu-se de não ter estudado.
Queixou-se da sua reprovação.
Lembrou-se do compromisso.
Pronome Reflexivo
O “se”, nesse caso, indicará reflexão, isto é, equivale a “si mesmo”. O sujeito exerce e, ao mesmo tempo, sofre a ação.
Exemplo:
Marcela se via mais dedicada a cada prova.
Marcela (sujeito explícito) via a si mesma assim.
Pronome Recíproco
Possui valor de “um ao outro”. Ideia mútua.
Verbo sempre no plural, pois reciprocidade compreende pluralidade.
Exemplo:
Abraçaram-se com afeto.
Abraçaram uns aos outros.
Partícula Expletiva ou de Realce
Caso em que o “se” só está lá para dar ênfase, expressividade a um verbo intransitivo. Pode ser retirado da frase sem que haja prejuízo semântico à oração, uma vez que a sua presença não produz quaisquer diferenças de natureza sintática. Seu emprego, portanto, é apenas estilístico.
Exemplo:
Ela foi-se embora.
Ela foi embora.
Pronome Apassivador - PA
Antes de mais nada, é importante compreender que existem dois tipos de voz passiva:
Voz passiva analítica (verbos ser/estar + particípio).
Voz passiva sintética (sentença é resumida pela presença da partícula “se” apassivadora).
Não são todos os verbos que possuem voz passiva. O “se”, nesse caso, vem ligado, em regra, a um verbo transitivo direto (VTD) ou transitivo direto e indireto (VTDI). Importante destacar que ocorrerá com verbos que contenham transitividade direta, mas não haverá objeto direto propriamente dito.
Em resumo, são requisitos para que o vocábulo “se” seja partícula apassivadora:
Em regra, o verbo tem que ser transitivo direto (VTD) ou transitivo direto e indireto (VTDI);
A frase vem na voz passiva sintética (VTD/VTDI + pronome “se”);
É possível passar para a voz passiva analítica (verbo ser/estar + particípio);
Há sujeito paciente;
Não há objeto direto, pois o alvo da ação exercerá a função de sujeito paciente;
No que tange à concordância, o verbo deverá concordar com o sujeito (singular ou plural).
Exemplos:
Vendem-se casas.
Esperava-se que os políticos fossem honestos.
Notou-se que a paz se perdera.
Índice de Indeterminação do Sujeito (ÍIS)
Situação em que o “se” é um pronome que vem ligado a um verbo transitivo indireto (VTI), intransitivo (VI) ou de ligação (VL), indeterminando o sujeito. Este (o sujeito) será indeterminado quando você não conseguir identificar quem ele é. Você consegue perceber que existe um sujeito, mas não é possível identificar quem este é.
Requisitos para que o vocábulo “se” seja índice de indeterminação do sujeito:
A frase não pode conter sujeito explícito ou, ainda, subentendido;
Frase na voz ativa;
Frase não admite transposição para a voz passiva analítica. Isso significa que, em regra, a frase não poderá ter VTD ou VTDI, posto que a transitividade direta é requisito para se transformar a frase na voz passiva;
Normalmente, acompanha verbo transitivo indireto (VTI), verbo intransitivo (VI) ou de ligação (VL). No entanto, é possível a incidência do ÍIS se a frase contiver VTD + OD preposicionado (caso raríssimo da nossa gramática).
No que tange à concordância, o verbo ficará obrigatoriamente na terceira pessoa do singular, pois o verbo tem que concordar com o sujeito e se o sujeito estiver indeterminado pelo pronome “se”, com quem irá concordar se não é possível saber quem o sujeito é de fato? Simples assim...
Exemplos:
Precisa-se de ajudantes.
Vive-se em São Paulo.
Era-se infeliz.
Bebeu-se do vinho (caso raríssimo)
ÍIS x PA
O “se” como índice de indeterminação do sujeito ou pronome apassivador merece destaque. Veja a tabela a seguir comparando as principais diferenças entre esses dois tipos:
Partícula “SE” Substantivo
A depender do contexto, a palavra “se” poderá exercer a função de um substantivo. Trata-se de uma derivação imprópria, isto é, qualquer palavra da língua portuguesa poderá desempenhar a função de um substantivo quando vier antecedida por um artigo.
Exemplos:
Esqueça o “se” e invista nos seus sonhos.
Você adora um “se”. (Djavan)
O “se” é uma partícula cheia de mistérios.
Por ser fácil de se perceber, é difícil ser cobrado em provas.
Partícula “SE” Sujeito de Verbo no Infinitivo
Em que pese não ser um tipo de “se” recorrente em provas, é importante que você conheça essa outra função da partícula em estudo. O “se”, nesse caso, ocorre em orações substantivas reduzidas de infinitivo que complementam os chamados verbos causativos (mandar, deixar, fazer) e sensitivos (ver, ouvir, sentir), exercendo a função de sujeito da oração do infinitivo subsequente.
Esse é o único caso na língua portuguesa em que o “se” exerce a função de sujeito.
Importante destacar que esses verbos sensitivos ou causativos não serão auxiliares em uma locução verbal. O primeiro verbo ficará em uma oração e o outro verbo ficará em outra oração.
Exemplo:
Pedro sentiu-se desanimar.
Pedro: sujeito do verbo “sentir”
“Se”: sujeito de infinitivo (desanimar)
>> tem sentido de reflexividade, mas não é pronome reflexivo!
Atenção!
Professor Claiton Natal me ajudou a compreender que, nesse caso especial, o “se” exercerá:
Função sintática de sujeito de infinitivo.
Função semântica de pronome reflexivo.
As bancas não costumam explorar isso em provas; eu não vi nenhuma questão indo tão a fundo no assunto (e olha que resolvi várias), mas é bom sempre estarmos atentos aos menores detalhes, pois conhecimento a mais nunca é demais.
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Agradeço aos meus queridos professores pelas dúvidas esclarecidas no decorrer do desenvolvimento deste material. Saibam que sinto por vocês grande apreço!
Adriana Figueiredo – Curso AF Adriana Figueiredo
Clô Ferreira – Qualis Concursos
Claiton Natal – Gran Cursos On-line
Flávia Rita – Curso Flávia Rita
Valdeci Lopes – Qualis Concursos
Wilson Rochenbach Nunes – Rede Clube do Concurso Atualizar
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